«Temos a
linha do Minho totalmente eletrificada», afirmou o Primeiro-Ministro António
Costa na cerimónia que assinalou o começo da circulação em comboios elétricos
do Porto até Vigo, na Galiza, acrescentando que «continua, também nesta linha,
muita obra em curso para melhorar os sistemas de comunicações, de segurança, de
sinalização».
O Primeiro-Ministro referiu os benefícios para os passageiros – «redução em 15 minutos do tempo de transporte em carruagens de melhor qualidade graças ao esforço de recuperação de material circulante» - mas sublinhou que «a revolução é no transporte de mercadorias, porque com o aumento da frequência e a duplicação da dimensão dos comboios, triplicamos a capacidade de transporte de mercadorias, o que é decisivo para fortalecer a competitividade da grande região que é o Norte de Portugal e a Galiza».
A linha eletrificada «liga o porto de Vigo ao porto de Viana do Castelo – agora beneficiado com um acesso rodoviário direito – e ao porto de Leixões. Conseguimos ter, nesta frente atlântica, um conjunto de infraestruturas portuárias servida por uma ligação ferroviária, o que muda completamente o quadro de relação económica dos dois lados da fronteira».
E «vai continuar a densificar a ligação do tecido industrial entre o Alto Minho e a Galiza», pois «o Alto Minho é das regiões que atraiu mais investimento estrangeiro e que mais postos de trabalho qualificados criou nos últimos anos» (…) «devido à grande sinergia que se desenvolveu entre o Alto Minho e a Galiza», afirmou.
António Costa afirmou que «isto é importante do ponto de vista industrial, comercial», e também «da convivialidade de comunicados que são verdadeiramente irmãs, e que falam as duas línguas mais próximas entre si, o português e o galego».
Maior investimento ferroviário em 100 anos
Simultaneamente «temos também em obra o conjunto das outras intervenções previstas no Ferrovia 2020», programa aprovado em 2016 e no qual foram feitas duas opções estratégicas: «a primeira, de toda a prioridade ao investimento na ferrovia, sobre o investimento na rodovia; a segunda, dar prioridade às ligações internacionais e em particular às que permitem o transporte de mercadorias», lembrou.
A «opção de investimento nas ligações ferroviárias internacionais» presidiu «também aos investimentos em curso na ligação entre Aveiro e Vilar Formoso e, no corredor sul, entre Sines e o Caia. E «foi o maior investimento ferroviário dos últimos 100 anos», o que «diz do pouquíssimo que foi feito antes e do bastante que se está a fazer agora».
Neutralidade carbónica
O Primeiro-Ministro afirmou que «a nossa ambição tem de crescer conforme o mundo evolui» e este investimento na ferrovia teve também «a ver com Portugal ter sido, em 2016, o primeiro país do mundo a comprometer-se com o objetivo de atingir a neutralidade carbónica em 2050 e de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em 55% até 2030».
Para alcançar este objetivo, «sabemos que há dois grandes domínios de produção e emissão de gases com efeito de estufa: a ineficiência energética dos edifícios e os transportes, urbanos, regionais e internacionais», domínio em que «a ferrovia tem um papel indispensável, porque é a verdadeira alterativa ao transporte de mercadorias por rodovia, e, muitas vezes, para o transporte de pessoas e mercadorias por via aérea e por via marítima».
Assim, «o investimento na ferrovia é crucial para cumprirmos os objetivos de redução das emissões dos transportes em 40% daqui a 2030». Para alcançar este objetivo, «temos de ter os investimentos planeados, a seguir, os concursos para os projetos lançados, depois, os processos para as empreitadas, porque se as emprestadas não estiverem concluídas em 2030, não teremos redução de 40% das emissões».
O Primeiro-Ministro apontou a importância do debate do Plano ferroviário nacional, para o qual «é necessário um grande consenso político porque são mais duas legislaturas, mais de um mandato presidencial, e sabemos, pela experiência passada que, sem esse consenso, fazemos debates e estudos – em que somos especialistas –, mas não decidimos e executamos – no que temos de nos tornar especialistas» -, disse ainda.
Melhorias no serviço de passageiros
O Ministro das Infraestruturas e da Habitação Pedro Nuno Santos, destacou que com a eletrificação da linha do Minho entre Viana do Castelo e Valença, são introduzidas alterações no serviço de passageiros com ligeira redução dos tempos de viagem, aumento de oferta e utilização de material circulante mais confortável.
Assim:
- passa a existir um
Intercidades diário Lisboa-Valença,
- é criado um
Inter-Regional Valença-Coimbra com uma circulação diária em cada sentido;
- os comboios
Inter-Regionais passam a usar material circulante equivalente ao dos
Intercidades;
- é reforçado o serviço
Regional ao fim-de-semana;
- todos os comboios,
exceto o Celta (Porto-Vigo), usam material circulante elétrico.
Investimento
de 86 milhões na linha do Minho
A modernização da linha do Minho, que representou um investimento total de 86 milhões de euros, foi cofinanciada com 68 milhões de fundos do programa Compete 2020. A eletrificação do troço Nine-Viana do Castelo, que ficou concluída em julho de 2019, custou 16 milhões, e a eletrificação do troço Viana do Castelo-Valença, agora concluída, custou 18 milhões de euros.
As obras de modernização compreendem ainda a instalação de sinalização eletrónica, intervenções nas estações de passageiros, aumento do comprimento das estações para permitir a circulação de comboios de mercadorias até 750 m, e supressão de passagens de nível, nomeadamente, no atravessamento de Barcelos.
O conjunto destas intervenções permitirá melhorias na segurança, no conforto, na rapidez e no custo de operação tanto para passageiros como para mercadorias.
Com a conclusão desta obra, não só fica completa a eletrificação de toda a extensão da linha do Minho, mas também passa a ser possível circular com comboio elétrico do extremo norte ao extremo sul do Continente, de Valença a Faro.”
Moitos parabéns.